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terça-feira, 30 de maio de 2017

UMA OBRA EM VERDE MANUAL DE SOBREVIVÊNCIA - João Carlos Taveira


Em meados do século XIX, o naturalista britânico Charles Robert Darwin alcançou fama ao convencer a comunidade científica da ocorrência da evolução das espécies e propor uma teoria para explicar como ela se dá por meio da seleção natural. O mundo, perplexo, demorou um pouco para absorver tamanha ousadia. Mas acabou cedendo em sua resistência, para a felicidade geral das nações.

Editora Kiron 
Hoje, um século e meio depois, o ecossociólogo Eugênio Giovenardi propõe uma teoria semelhante, em termos científicos e revolucionários. Uma Obra em Verde (2015) está para o futuro da vida no planeta como A Origem das Espécies (1859) está para a compreensão da vida em todas as suas dimensões. E não há nisso nenhum exagero.

Diante da evolução dos meios de produção e dos avanços tecnológicos, não existe mais espaço para abstrações como “quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha?”. A questão agora é outra. Como o homem irá sobreviver junto às outras espécies, sem exterminá-las? Como irá garantir vida ao solo e à água, sem preservar rios, nascentes, árvores, florestas? Como haverá de lidar com a superpopulação e a escassez, sem destruir a vida de seus semelhantes com atitudes cada vez mais tacanhas e irracionais?

Se Darwin introduziu a ideia de evolução a partir de um ancestral comum, por meio da seleção natural, e esta se tornou a explicação científica dominante para a diversidade de espécies na natureza, Eugênio Giovenardi está a nos dizer a plenos pulmões que, mesmo diante das dificuldades de aceitação e respeito à ecocomunidade, é possível salvar o homem que caminha a passos largos rumo a sua própria extinção.
Eugênio Giovenardi

Uma Obra em Verde é uma proposta ousada, porém simples, que deve figurar urgentemente como manual de sobrevivência em todas as comunidades leigas e científicas. E é, antes de tudo, o testemunho de um homem que, em mais de quarenta anos, vem observando, estudando e respeitando a vida em suas mais diversas manifestações, e agora quer compartilhar conosco as suas preocupações legítimas com relação ao futuro das espécies.

E Eugênio Giovenardi também nos diz que a Terra, apesar de tudo, continuará girando a trinta quilômetros por segundo em volta do Sol, independentemente do homem, que poderá estar aqui ou não.


Brasília, 11 de setembro de 2015.   


João Carlos Taveira
* João Carlos Taveira é poeta e crítico literário, autor de vários livros publicados, entre os quais Arquitetura do homem (poesia) e A arquitetura verbal de Nilto Maciel (fortuna crítica). Em 1994, recebeu do Governo do Distrito Federal a Comenda da Ordem do Mérito Cultural de Brasília. E em 2002 foi eleito para a Cadeira n.º 26 da Academia Brasiliense de Letras, cujo patrono é o poeta simbolista Cruz e Sousa.



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